top of page

Negatividade


Todos dizem para evitar a negatividade, mas esquecem de dizer Como.

Fico negativa quando sou rejeitada.

Conheço gente que fica negativa quando é contrariada. Mesmo sendo apenas a manifestação de opiniões diferentes.

Outros ficam negativos com palpites nas suas vidas (falta de educação?), no trabalho (inevitável?). Muitos ficam negativos quando passam boa parte da vida sendo desaprovados.

A negatividade piora é quando a rejeição é sistemática. Rejeição na família, em casa, na escola, nos ambientes privados e públicos. Isso é problemático porque a pessoa tende a ficar agressiva/perseguida ou vitimizada/viciada em rejeição.

Um dia desses me ocorreu que só parei de fumar quando tomei medo do cigarro.

Talvez este seja o melhor caminho para conter o lado sombrio ou o que nos faz mal. A solução, descobri, é ter medo das pessoas que nos deixam penduradas nas tentativa de contato ou menosprezam o que somos, o que podemos.

Em todos os casos, ficar longe das pessoas que manipulam as nossas fraquezas. Inclusive a fraqueza de ver como rejeição o que é apenas o direito das pessoas de não quererem a nossa amizade, a nossa companhia, a nossa colaboração.

A desaprovação é mais difícil de identificar porque tanta gente tem o poder, o direito de desaprovar o que fazemos, o que dizemos! É preciso distinguir, separar os sádicos dos que apenas não concordam com a gente. Dos que não sabem separar o tom de crítica do tom de desaprovação.

Uma colega de faculdade me disse, um dia, que eu tenho problemas com rejeição. Soube, depois de 30 anos, que um sujeito que me parecia simpático, desaprovava e rejeitava, sistematicamente, o filho da mulher. Conheci várias mulheres que desaprovavam e rejeitavam filhos dos maridos. Tive um chefe sádico que me desaprovava da hora que eu entrava no trabalho até a hora que eu saia. O pior de tudo, é que essas pessoas são benquistas, os amigos acham que pessoas legais, e, talvez sejam, para amigos que não percebem ou não se incomodam com o sadismo. Devem ser imunes.

Minha filha Julia Rodrigues me recomendou uma série chamada “Outcast”. Pária, banido, marginal, exilado. A palavra vem carregada de conteúdo religioso em vários dicionários. Um exilado, um Outsider, parece ter sido colocado por alguém à margem.

É muito difícil admitir, Julia me explicou, que algumas pessoas sempre serão olhadas com restrição. Porque não são como a maioria e a maioria gosta, apenas, dos iguais. Isso também é um direito. Da maioria.

A verdadeira trajetória do herói, para um Outsider, é manter a negatividade do lado de fora. O medo dos que rejeitam, desaprovam ou sabem apenas conviver com os iguais pode ajudar. Evitá-los, por mais tentadores que sejam, me ajuda.

Últimos textos
Arquivo
bottom of page