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O esforço de ser bom e o esforço de ser justo

  • Foto do escritor: Sonia Rodrigues
    Sonia Rodrigues
  • 7 de set. de 2015
  • 2 min de leitura

Hoje, pensando sobre o lançamento do meu livro Fronteiras me peguei considerano como o esforço para ser Bom é diferente do esforço para ser Justo. Nos dias que antecederam o lançamento do Fronteiras eu estava tão envolvida no esforço de ser uma pessoa boa que fui injusta com meu romance querido. Em geral, eu pego no pé das pessoas antes do lançamento dos meus livros. Mando o convite duas vezes, marco no FB, enfim, faço barulho. Um livro, no Brasil, tem poucos meses para ser lido, antes de ser substituído por outros lançamentos nas livrarias. Porque estava exausta da minha eterna batalha para não ser malvada nessa vida, deixei de marcar em cima. Claro que a noite foi muito legal, os amigos que lembraram foram sem que eu precisasse insistir. Esse é um bom resultado. Adelmo e Fátima vieram de Petrópolis, Andre, do Projac, Rubens e Teresa de Niterói, sem contar todos os outros que vieram de perto O resultado ruim: Cristine não foi, os Tiago todos não foram (Thiago Fonseca, então, está numa ausência só), Igo, Pedro, os daqui do Rio, Elza, a que gosta de dançar, Leandro que me autografou o livro de teatro, Paulo, Felipe, Jussan, Silas, Vanessa, as Nathalia, com e sem H… e mais as dezenas de amigos que curtiram meu aviso no FB sobre o lançamento. Sei que escrevi sobre ser leve e sofisticada em relação às ausências, mas simplesmente não consigo. Ah, se as pessoas soubessem como escritores são carentes! Num esforço de ser justa, admito que preciso cuidar mais dos meus livros. Acho que sou muito conformada em deixar que eles morram, sumam na poeira, as edições se esgotem, a imprensa deixe pra lá. Manter distância, Preencher lacunas, Desistir. São essas as três maneiras de arranjar meus personagens injustos. Observo as pessoas das quais deveria manter distancia para descobrir o modus operandi delas e a reação em mim. Depois observo como as pessoas preenchem as lacunas com a paranóia delas, o ressentimento, a inveja incipiente, o sadismo inconsciente ou o desapego pelos sentimentos alheios. A partir disso, tomo o pulso, investigo o quanto sou parecida com essas pessoas ou o quanto sofro por causa das diferenças. E, ao final, posso desistir dessas pessoas e torná-las personagens. É um processo muito duro. O de contar tantas histórias. O de transformar vidas em histórias. Tem sido para mim. Por isso, preciso aprender a ser justa com meus livros, com os meus projetos de séries. Por que se eu não for, quem será?

 
 
 

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