Assédio
O Brasil está mudando. Semana passada, li a declaração de Susllem Tonani no FB de minha amiga Cristiana Garcia. Hoje, li a reflexão de Rachel Nahom sobre assédio moral praticado por ex chefe mulher.
Assédio, sexual ou moral, é para ser denunciado. Quando a gente não consegue denunciar, o melhor é esquecer. Quando possível. Porque uma das coisas mais difíceis da vida é se livrar das lembranças do assédio ao qual a gente não reagiu.
O assédio conspurca seu alvo. Dependendo da personalidade ou do histórico da pessoa assediada, o assédio deprime. Eu precisei tomar remédio para sair da tristeza causada por um chefe que me assediou moralmente durante dois anos. E, depois de me demitir, ele, um homem poderoso que serviu aos governos Garotinho, Cabral, Lula, Dilma, Pezão (ainda serve) me impediu de dar um curso no exterior. Curso esse que eu ajudei a planejar.
Eu não processei esse fulano. Deveria. Não denunciei. Deveria.
Considerei o fato de ser escritora e ter o hábito de transformar os assediadores em personagens. Entreguei para Deus, coisa que aprendi a fazer em pequena. O adversário é muito mais forte? Entrega à Justiça Divina.
Considerei também a circunstância de que a lista dos que já me assediaram moralmente é tão extensa que eu teria que acampar na porta do Fórum se fosse retaliar em cima de todos.
Hoje, ainda sigo essa linha. Transformar monstrinhos em personagens, contar que o castigo divino tarda, mas não falha. No entanto, acho que ninguém deveria tolerar assédio. Ninguém deveria se omitir quando um colega sofre assédio. Assédio não é engraçado. É como obrigar um ser humano a beber veneno e ficar assistindo. É mais do que desrespeito. É um ato de sadismo.