Diário da Peste 21
Fiz uma listinha de coisas que, durante a Peste, podem ser úteis para quem vive no e do Audiovisual, quem trabalha com Criatividade. Penso que é o momento de:
Limpar gavetas. Do mesmo jeito que limpamos as de roupa. Examinar peça por peça, deletar ou colocar no Diretório Rascunhos todas as ideias esboçadas que estão abaixo do nosso grau de competência atual.
Consertar coisas. Projetos que só nos interessavam no passado. Ou que só “falam” aos que já concordam com nossas ideias. Existe conserto? Podem ser ampliados ou “secados”? Dá para editar as histórias? Podemos consertar sozinhos?
Receber ajuda, conselho, mentoria. Fazer o dinheiro circular quando formos incapazes de cumprir alguma tarefa na cadeia produtiva do audiovisual. Qualquer quantia, negociada dentro de nossas possibilidades. Aproveitar a quarentena para resolver projetos.
Propriedade intelectual. Sabe a frase de banqueiro “quando houver sangue nas ruas, compre propriedades”? Pois bem, quando a Morte está de tocaia, como está agora, e as ruas, literalmente, repleta de irresponsável atiçando a Peste... penso que devemos investir em nossas propriedades intelectuais.
Ler, reler, estudar, aperfeiçoar e registrar roteiros e argumentos. Abaixo a postergação.
Produtor de si mesmo. Nessas horas é que entram os cursos online. Pedir o Salic dos projetos na Ancine. Pagar alguém para fazer o orçamento, o plano de financiamento... Dizem: Ah, mas a Ancine está parada, a Ancine vai acabar... O que é isso? Bola de Cristal dentro de casa? Hoje, é para agir como se estivéssemos num mundo racional. As coisas voltarão à racionalidade. Já voltaram, outras vezes.
Escrever. Estudar. Oferecer nosso talento e esforço aos companheiros do meio. Ser solidário aos empreendimentos e sonhos das pessoas. Não se fechar em grupos concordantes. Fazer tudo ao contrário dos irresponsáveis que se fazem de doidos.
E responder às mensagens de todos, não apenas dos queridos. Evitar deixar as pessoas no “vácuo”. Ser gentil, na medida do possível. Firme, na medida do impossível.
Sei que não estamos imunes às consequências da Peste, mas resistir é uma medida de sanidade mental.