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Diário da Peste 26

Quando a peste passar, eu:

cozinharei arroz com aspargos, bacon e camarão para quem acredita que sou a melhor cozinheira do mundo;

cantarei Odara na praia com o cantor mais charmoso que existe;

vou falar e ouvir palavras de amor por, pelo menos, por dez minutos, uma vez por dia, sem falta;

darei apenas 30 minutos do meu tempo diário para fazer cara de paisagem, fazendo “hum, hum” e acenando afirmativamente para gente que esquece as besteiras que faz. E Isso apenas nos casos em que houver sexo e dinheiro envolvidos;

irei a Paris, Roma, Londres, Dublin e só visitarei e revisitarei lugares que me lembrem outras vidas;

Quando a peste passar, eu:

eliminarei do meu dia a dia qualquer tentação da aturar gente hipócrita, egoísta, desrespeitosa;

direi claramente o que penso a cada momento de decisão com medo ou sem medo, darei minha opinião sem subterfúgio;

em respeito aos sentimentos alheios, fugirei daqueles que me evitaram por ser chata, sensível em excesso e muito direta em meus comentários;

esquecerei todas as pessoas mesquinhas que se recusaram a apoiar meus sonhos ou divulgar minhas conquistas, mas registrarei em minhas memórias seus nomes para que elas possam se orgulhar um dia de terem me aborrecido e magoado.

Quando a peste acabar, espero ter me tornado uma pessoa melhor.

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