Sexo para Físicos
Parem tudo! Existe no mercado livros soft porn STEAM (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática)! Tramas quase pornográficas passadas no MIT e Harvard, temperadas, claro, pelo politicamente correto anglo saxão. Sororidade, consentimento e sempre um vilão acadêmico.
Eu já “fiquei” com um físico, trabalhei com físicos, e os três maiores assediadores morais que conheci na vida eram físicos. Posso atestar que a descrição que Ali Hazelwood faz de um físico assediador moral em situação de comando é impecável.
É preciso considerar, porém, que a autora desses dois livros pode ter inventado os doutores cheios de tesão e cuidado pelas mulheres. O mais interessante é que os físicos (e biólogos e estatísticos) que ela descreve são protetores, provedores e dominantes. Como homens do século XIX. Nada de deixar a mulher pagar a conta, carregar móveis ou tomar conta deles. Nada do companheirismo assexuado de Friends que os homens atuais acham que é atraente.
Pode ser que ela nunca tenha encontrado um homem desses de carne e osso, mas como milhões de mulheres compram os livros que trazem esses personagens, podemos considerar que no imaginário erótico feminino eles têm lugar.
Eu teria competência para escrever um livro assim? Nunca. Nas dez primeiras páginas, eu seria traída pela minha incapacidade de manter a trama leve. Sim, porque apesar do assédio moral pesado e da incompetência social da jovem doutoranda, a trama é leve. Todos os eventos levando a futura cientista para os braços do físico que vai protegê-la, ampará-la, estará ao seu lado antes, durante e depois das transas gloriosas. Onde o desempenho do físico (ou biólogo ou estatístico) é determinante. Os personagens sabem como fazer uma mulher subir pelas paredes. Exatamente como um homem dominante do século XIX. Não é o máximo?
Os livros deveriam ser adotados (e discutidos) nas faculdades de exatas. Quem sabe Ali Hazelwood pode mostrar um pouco do que as mulheres gostam aos jovens nerds? Isso na hipótese das leitoras/doutorandas de exatas serem honestas o suficiente para assumirem – vestidas e em público – que não querem ser amigas/homens dos rapazes com quem vão para cama.
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