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A vida sexual dos outros

Uma amiga, de quem sinto muitas saudades, dizia: homens são necessários três. Um para cuidar da gente. Outro para sexo. Outro para companhia, diversão. Esse, ela acrescentava, pode ser gay.

Domingo saí com um homem charmosíssimo que acha gostoso conversar comigo.

Uma das coisas mais charmosas desse amigo é que ele dá conselhos quando peço. Bons conselhos, me fazem pensar. A outra coisa boa é que ele ri das histórias bobas que eu conto. As que eu escuto por aí.

Ri de algumas. Outras, não.

Contei para ele que mais de uma mulher conhecida, se o marido sai da linha, bate.

Tapinha nada, no meu homem, eu dou porrada. Como dizia a Tati Quebra Barraco. Conheço mulher capaz de quebrar o marido e a casa junto. E ele paga a reforma sem comentários.

Conheço mulher que, ao perceber infidelidade, vai para cama com outro, preventivamente. Para manter a moral elevada.

Esses casos o deixaram horrizado. As pessoas são muito doentes, meu amigo disse.

O que me parece engraçado é que ele é um sucesso entre um grupo de amigas praticantes de sexo casual. Sexo amigável. Ele não é o único. Conheço pelo menos uns três homens assim. Tem lógica. Uma música antiga dizia existirem dez mulheres para cada homem no Rio de Janeiro. Meus amigos que se dividem entre várias são até generosos, dependendo do ponto de vista.

O que não entendo, porém, é sexo casual com amigas ser bacana e o escândalo, a pancadaria, a infidelidade ficar no escaninho da doença.

Todas essas práticas são de pessoas de carne e osso. E são consentidas, assumidas por adultos. Algumas me parecem bem espertas, outras incompreensíveis, mas todas funcionam. Porque as pessoas continuam juntas e parecem contentes com isso.

Já vi mulher que antes de sair com um homem por quem estava muito a fim pegar outro no Tinder para não demonstrar ansiedade, carência, grude. E isso sempre funcionou com ela.

Conheço mulheres felizes casadas com homens gay. Ótimos casamentos, plenos de harmonia e cumplicidade.

Já convivi com pelo menos uma mulher que transa com todo mundo, menos com o marido. Ele adora ela, não troca por ninguém.

Conheço homens que se mantém fieis pela masturbação para não trair esposas que perderam o interesse sexual por eles. Motivos diversos.

Conheço homem que transa com amigas para não se envolver com alguma mulher que possa ameaçar o casamento.

Uma coisa que mais me fez bem nesse encontro de domingo foi entender, finalmente,

depois que conversamos sobre a vida sexual dos outros, porque ele é super disponível quando eu preciso dele, mas nunca toma iniciativa de me procurar. Acho que ele evita criar expectativas.

Como se todas as mulheres do mundo, eu inclusive, estivéssemos sempre querendo algo entre meia hora depois da transa e a vida inteira, como disse Harry, personagem de Nora Ephron. Então, se ele atende às mulheres, gentil, charmoso, sorridente, bom ouvinte e se as mulheres quiserem sexo também (e ele estiver a fim), não poderão cobrar telefonema no dia seguinte, flores e todas essas coisas que se assemelham a continuidade.

É um jogo sexual. Como outro qualquer. Como o das mulher capazes de bater, trair, exigir que o marido só faça sexo solitário. Tudo é uma questão do que se gosta.

É bom saber que sou capaz de mobilizar pelo menos um dos três tipos de homens que são necessários a uma mulher. E, de bônus, descobrir mais um dos modus operandi dos terráqueos.

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