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Miss Marple


Estou relendo “Ao leste do Eden” de John Steinbeck, mais uma vez e me impressiona como faz diferença reler (ou escrever) livros depois de se ter vivido certas situações. Descubro em mim, cada vez mais, a característica de Miss Marple, a de comparar pessoas a outras que eu conheço. Na literatura. A literatura é meu panteão, minha enciclopédia de tipos, situações, personagens.

Cyrus, pai de Adam Trask, o quer no exército porque o filho é bom, é sensível, ele acredita que o exército norte-americano vai endurece-lo na luta contra os índios. Não quer que Charles, o outro filho, se aliste porque a vocação para psicopata é flagrante. Um psicopata sabe reconhecer outro.

Quando li esse livro pela primeira, segunda, terceira vez eu conhecia pouco o que alguns chamam de psicopatia e eu chamo de Maldade. Penso hoje que, na idade adulta, é possível conviver com os maus, negociar com eles, cuidar deles. À distância. Porque os maus mordem, batem, mentem, dissimulam, destroem tudo o que eles invejarem. Sim, porque os maus invejam o que não têm e não entendem. Bondade, senso de justiça, compaixão.

Claro que existe uma escala. 100% mau, 80%, 15%..., mas, em nenhuma porcentagem, os maus dão guarida aos que consideram mais fracos. Os maus podem até amar aos que consideram mais fracos. Amaram sempre com um toque de condescendência. Coitada de fulana tão vulnerável, tão cri cri, tão cdf... O elogio de uma pessoa má deve ser tomado com parcimônia porque não elogiam de verdade quem tem o que essas pessoas não possuem.

De novo, dá para fazer muita coisa com os maus. Menos confiar neles.

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