Jonas vai morrer
Fazer um título bom é um talento raro. Jonas vai morrer. Quem é Jonas? Vai morrer como? Morte morrida ou morte matada? Homicídio, quem mata?
Li esse livro em Portugal. Em 24 horas. Porque fiquei desesperada atrás do Jonas. Suspense total. Mais uma vez, fiquei feliz pelo meu bom hábito de sempre ler o que escritores me oferecem. Quando Edson Athayde me apresentou o livro pensei: estabelecer um bom título é como ganhar uma parte da loteria. O resto do prêmio depende de sorte.
O pior é que depois de ler, fiquei pensando em quantas possibilidades de cinema existiam ali.
Claro que antes pensei em como o autor “encena” bem a Língua. A elegância. A construção do protagonista. O olhar sofisticado do narrador.
Além do título instigante como alguém que nos atrai no meio de outras pessoas. Porque todo ser vivo vai morrer, Jonas inclusive. Mas quem é Jonas? Porque a morte dele merece um título? Cinema de mistério puro. Daria um “Ilha do Medo” do Scorcese fácil.
O final é completamente inesperado. Não é uma virada inverossímil. São revelações que não podiam ser previstas.
Alguém precisa publicar esse livro no Brasil. Alguém precisa fazer esse filme. Com liberdade de criação e produção, claro. Porque, apesar da sofisticação da linguagem, é uma narrativa de peripécias, um texto de prazer, como definiu Roland Barthes. Pode se tornar um filme para multidões. E escrever para multidões, já dizia Nelson Rodrigues, é afrodisíaco.