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O pior pitch do Mundo


Ontem, apresentei um projeto meu para um Canal de TV. A executiva entrou atrasada na reunião. Antes de eu apresentar o projeto comentei sobre uma conhecida comum. Expressão fria. Ofereci meu livro “Como escrever séries” que havia levado, aproveitando para apresentar um pouco da minha trajetória. Expressão fria.

Ela ficou me escutando com cara de tédio antes de dizer que a grade deles estava fechada até 2020. E acrescentar que meu projeto era feminino e eles estavam focados em projetos de humor para a família. Constrangimento.

Será que algumas pessoas são treinadas em fazerem outras se sentirem constrangidas? Será que é um talento e essas pessoas vão galgando os postos em corporações exatamente porque sabem constranger quem não pode retaliar?

Saí de lá me perguntando: por que ela marcou a reunião (pedida por mim ao chefe dela) se a grade estava fechada até 2020?

Talvez ela não estivesse num dia bom. Talvez tenha ficado aborrecida de alguém a quem não conhecia ter ligado para o chefe e oferecido o projeto. Talvez esteja sobrecarregada e o chefe tenha feito “cortesia com chapéu alheio”, se livrando de mim...

Ela havia desmarcado três vezes a apresentação. Finalmente, marcou para o final da tarde no bairro com o pior trânsito do Rio de Janeiro.

A minha intuição me dizia para não ir. Porque desmarcar três vezes (assim como não responder e-mail ou não retornar ligações) é um sinal de desinteresse. Mas eu fui. Porque sempre considero que a pessoa em questão pode ser interessante de se conhecer. Enfim, traumatizante, mesmo para uma pessoa que está acostumada a ouvir “Não”.

Aviso aos navegantes pelos difíceis caminhos do audiovisual: sigam a intuição. Evitem se colocar na linha de tiro. Evitem insistir com pessoas que postergam reuniões.

E, mais importante de tudo, jamais ofereçam livros para gente que não provou ainda que merece o mimo.

Aí que raiva! Tenho vontade de ligar para a assistente simpática pedindo meu livro de volta!

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