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Diário da Peste 6

Tive uma analista maravilhosa que foi grande interlocutora e me ajudou muito. Só tinha um defeito: não medicava mais. Hahahaha! Eu teria sido beneficiada naquela época por um ansiolítico por alguns dias. O Zen Budismo by Alcio Braz tem me ajudado muito nesses dias de quarentena. Só tem um defeito. Não resolve a angústia permanente que a Peste acarreta. E olha que eu gosto de meditar.

Quatro coisas ajudam a dar um “tapa” na angústia individual numa hora dessas. Chocolate. Ficção. Beijo na boca. Vinho. Não necessariamente nessa ordem, claro.

Vou começar pela Ficção. Estou com a mesma dificuldade de escrever ficção que estou em relação a meditar. Porque escrever histórias e meditar estão num contexto ativo. São decisões que dependem de atenção ativa e escritores precisam de um mínimo de tranquilidade para escrever ficção. E olha que eu escrevo por obrigação o tempo todo. Mas está difícil. A minha sorte é que já me adestrei para, nessas horas, assistir filmes e séries. Para alimentar minha alma vendo os personagens rirem ou sofrerem por mim.

Chocolate traz um problema. A balança. Comi um talento verde hoje de manhã depois do Pilates online. O de castanha do Pará. E acabei de preparar meia xícara de chocolate Dois Frades, o menos condenado pelo nutricionista. Apesar de que fiz isso depois de comer meio prato de feijão com arroz e um ovo frito no almoço. E, de noite, com certeza, vou tomar uma taça de vinho. Só não resolvi ainda com quem vou beber online, mas que vou beber, vou.

Por último, o beijo na boca. Li em algum lugar hoje a respeito de sexo nesses tempos de Peste. Sexo é a coisa mais fácil do mundo. Difícil é beijo na boca que valha a pena. Com a intensidade, a atenção plena, o molejo, com sorte, até, o romance. Isso é para quem pode. Beijo na boca depende de decisão e de clima. É como meditar ou escrever ficção. Tem que estar de cabeça limpa e alma disponível. Tempos complicados.

É muito fácil deprimir nesses dias. E não existe receita100% para evitar. Para mim, lucidez ajuda. Para outros, desespera. Para uns, partilhar ajuda. Para um bocado de gente que eu conheço, enerva. Penso que o ideal, é um remédio a cada dia. O que funcionar naquele dia. Porque vai passar. Coisas piores já passaram. Com a peste (agora com minúscula) vai acontecer o mesmo.

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