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Diário da Peste 36

Amanhã vai ser outro dia...

Lembrei hoje – 04 do 05 de 2020, dia sombrio – de uma tarde em que eu voltava da praia, na rua que se chamava Montenegro e uma turma cantava “Apesar de você” na calçada do Veloso que não se chama mais Veloso. Talvez nunca tenha se chamado assim.

Apesar de você era o nome da música, amanhã há de ser outro dia era o refrão apenas. Mas eu passei o dia de hoje bem triste, me agarrando a uma encomenda de ficção para não cair do salto da sandália havaiana que usei o dia inteiro.

Aí, na hora de dormir, me lembrei do chope que tomei naquele dia. Lembrei até da camiseta amarela e do short de brim rosa que usava por cima do biquíni. E a essa lembrança se juntou aos versos da minha primeira cartilha de alfabetização: posso dormir contente, hoje pratiquei o Bem... então...

A partir de amanhã:

Volto a ler “O grande silêncio” do Alcio Braz. Quem sabe dessa vez eu aprendo.

De novo, meditarei três vezes por dia. Como antídoto contra a dor que sinto de ver tanta dor nesse momento em que vivemos.

A partir de amanhã:

Evitarei conversar com quem enxerga razões ocultas nas ideias discordantes.

Desistirei de reagir a atitudes de poder mesquinho de pessoas legais, que precisam de demonstrar poder mesquinho.

A partir de amanhã:

Estabelecerei meus planos, minhas lives, meus podcasts, meus roteiros, meus diários, meus contos como prioridade e apaziguamento.

A partir de amanhã vou planejar e construir meus sonhos esperando que esse pesadelo acabe, como já acabaram pesadelos piores.

Porque com tudo e por tudo, Amanhã há de ser outro dia.

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