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Diário da Peste 40

Hollywood

Essa série mostra como nós contadores de histórias somos mais criativos quando mantemos o foco em nosso único talento.

O filme “Shakespeare Apaixonado” já fez isso antes. No mesmo gênero, o de comédia dramática.

Artistas matam e morrem pelo seu trabalho. “Hollywood” mostra também como nós, às vezes, perdemos o bonde da História deixando de ter atitudes que façam diferença. Aquela na qual alguém precisa dizer: não faço, chega, não quero isso.

Cidadãos/artistas deixam que barbaridades aconteçam por medo de enfrentar quem é misógino, racista, homofóbico.

Quando o artista é homo, bissexual ou se submete a fazer sexo para obter um trocado, uma colocação ou um papel, a degradação se instala.

A tendência de se submeter ao que é indigno porque é mais fácil se submeter do que contrariar o status quo é muito forte. Penso que nossa espécie tende para a inércia. Ninguém gosta de ser o encrenqueiro de plantão. Deve ser por isso que, na série “Hollywood”, o bastão do encrenqueiro vai passando de mão em mão.

É instigante perceber como somos mais eficientes quando somos roteiristas e não ativistas. Ninguém sabe qual o partido político (ou as simpatias políticas) dos personagens. No entanto, todo mundo sabe quem transa com quem. Porque, entre outras qualidades, desde a série “The Deuce” não havia surgido uma crítica tão pertinente ao moralismo norte-americano em relação a sexo.

Como a série é uma comédia dramática e não uma plataforma política e como é uma fábula gay sobre o que Hollywood poderia ser e não foi, esses horrores estão ali muito de leve.

Eu sei é difícil de fazer isso. Quando escrevi “A Fenda no Tempo” na trilogia “O retorno de Emília” precisei ser implacável comigo mesma para colocar só o essencial da barbaridade que foi a escravidão. Porque é um livro para crianças. A escravidão entra para comprovar a necessidade do “efeito borboleta” na História do Brasil.

Enfim, falarei sobre a série Hollywood na Live da Escola de Séries no dia 14/05, quinta-feira. Estão todos convidados. A assistir à série e a participar.



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