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As palavras têm consequências


Escritora se apaixona por boy lixo e descobre, tarde demais, o verdadeiro caráter dele.

Ficção ou realidade? Autobiografia?

Isso dá um conto? Um romance? Ou é parte de um diário?

Se for ficção isso serve para audiovisual?

Não serve ainda. É preciso mudar a ordem das palavras e acrescentar uma palavra e tirar outra. Por que? Porque a frase apresenta uma protagonista, um antagonista, um problema, mas...

Escritora se apaixona por boy lixo, mas descobre, tarde demais, o verdadeiro caráter dele.

Por acaso, eu sou escritora e me apaixonei por vários “boys lixo” no decorrer da vida, e descobri, cedo ou tarde o verdadeiro caráter deles.

Tenho tudo registrado nos meus diários (então é autobiografia?).

Eu escreveria um conto ou romance sobre essas experiências? Já escrevi, mudando algumas palavras. Em vez de escritora, videomaker em “Dói, por isso esqueço” no meu livro de contos “Do que os homens têm medo”. Adolescente filha de cientista em minha novela juvenil “A garota dos seus sonhos e o cara quase perfeito”. Ou psicanalista no romance “Freud em Madureira”.

Existe outra questão nessas 14 palavras. “Boy lixo” é uma expressão para mulheres hetero que nasceram depois do ano 2000. Mulher com 20 e tantos anos, dos 30 em diante se envolve com “narcisista”, “egocêntricor”, “machista”... Ou não?

Enfim, fazer diário é fácil. É só descrever minuciosamente nossas decepções e malhar os vários “judas” que aparecem na nossa frente. As palavras na ficção têm mais peso. Nada é aleatório ou inconsequente. Podemos nos furtar das consequências e da autorresponsabilidade na vida. Na ficção, nunca.

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