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Colleen Hoover


Eu leio tudo. Leio especialmente livros que vão para a “Lista”, trono sonhado por qualquer escritor, mesmo que alguém desminta essa ambição. Então eu li Carla Madeira, li Torto Arado e acabei de ler “É assim que começa”. Dizem que a autora vendeu um milhão de livros. Esse é o segundo sonho. Como diria Nelson Rodrigues: é afrodisíaco saber que centenas de milhares de pessoas estão lendo o que você escreveu.

Verdade é que são muitos os fatores que levam o que escrevemos chegar aos leitores. Editora, divulgação, boa vontade dos livreiros. Sorte...

Nada disso adianta, no entanto, se os livros não forem importantes para seus leitores preferenciais. No caso de Colleen Hoover, os jovens.

É natural que ela faça sucesso. Enfrenta com garra os problemas da adolescência. Primeira experiência sexual, mães que não deviam ser mães, pais violentos, divórcio com crianças pequenas no meio. Nisso, Colleen Hoover é bem original. Poucos autores – poucos seres humanos, na verdade – têm a coragem de abordar relacionamentos abusivos do ponto de vista de que a única coisa que contém o abuso é a separação. O tema é barra pesada? É, mas ela trata disso com... eu não diria leveza, mas sensatez. Lendo esse livro me deu vontade de dar de presente para pessoas que deveriam fazer cursos de controle da raiva. Para as pessoas que não sabem amar gente diferente deles, só amam aos que aprovam tudo que fazem. tudo deles. Muitas coisas mal resolvidas na vida amorosa, poderiam ser atenuadas se as pessoas quisessem aprender a amar melhor. Algo como “as cortes de amor de Eleonor da Aquitânia”.

Uma frase sobre a dificuldade de uma personagem se livrar de um relacionamento abusivo me chamou a atenção: as qualidades do abusador. Os momentos felizes proporcionados pelo abusador. Porque abuso no amor não é só bater. É a falta de cuidado, o desamor, o não reconhecimento das qualidades de quem ama. Quem é abusivo, só vê o que faz de bom, nunca reconhece a dedicação de quem ama.

Mas um dia, a casa caí. Como disse Vinícius de Morais: “o perdão também cansa de perdoar”.

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