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Como nossos pais


Estou apaixonada pelo meu atual projeto. Hoje percebi que um dos motivos se deve ao fato de envolver pessoas que, há duas gerações, são bem sucedidas em construir sonhos.

Também venho de uma família de construtores de sonhos, soluções criativas. No entanto, minha mãe e meu pai não conseguiram usufruir das soluções que eles criaram. Ah, mas uma mulher bipolar, criando filhos sozinha... Ah, mas um homem com alto grau estresse pós traumático...

Todas as dificuldades pessoais, sociais, psicológicas são verdadeiras e são boas como atenuantes para “os que fracassam ao triunfar”.

Isso não diminui o impacto de como, nessas duas gerações, minha família se distraiu no caminho. Sou a primeira descendente a fazer uma correção de rumo.

Tenho orgulho da semelhança e fico feliz de ser herdeira dessa tradição apaixonada e sonhadora, só estou tentando descobrir o “algoritmo” dos tropeços.

Desperdicei talento para encontrar soluções em problemas que não eram da minha conta? Em vez de usá-lo para construir sonhos na minha área, como estou fazendo agora? Livros, roteiros, filmes sobre os problemas (ONDP) ou sucesso dos outros (o Labirinto)? Ficção de liquidificador com alegrias, dores, sexo já vividos, observados?

Ontem ouvi a história de uma mulher jovem que está – sem saber – tentando reinventar a roda, seguindo a moda que pode nos levar para o buraco em 22. A antiga Sonia partilharia com ela a seguinte experiência:

“De 2009 a 2013, usei minha capacidade de desenhar soluções para colocar jovens da escola pública na licenciatura de Física. Muitos jovens conseguiram triunfar, mas colecionei incompreensões, inimizades e, o que pior, mágoas. Quais eram as chances das soluções serem aceitas de coração aberto, sem fazer parte da estrutura de poder e sem ser física? Mesmo que as descobertas modestas fossem a favor de colocar a juventude pobre – moças e rapazes das 55 cores que compõe o pantone brasileiro – numa carreira universitária de empregabilidade?”

A nova Sonia escuta e fica quieta.

Escrevo isso, desde ontem, 20/03, sem tristeza.

Deixo no passado (espero) a lista dos fracassos previsíveis dos sonhadores.

A partir de hoje, vou me concentrar na parte boa do impulso de me meter na vida dos outros – dos amigos, inimigos, do meu país – e me concentrar no que sou capaz. Ler. Escrever. Realizar. Sonhar a partir do legado dos ancestrais.


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