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Confiar & Entender


Não desprezo quem disfarça, mente, engana profissionalmente. Quando alguém que vive de vender sexo me conta – homem ou mulher – como arma o clima pró orgasmo, eu admiro. Por uma módica quantia, essas pessoas, trabalhadores dignos como qualquer outro, ofertam a quem paga alguma alegria pelo bom desempenho. Mesmo que o desempenho seja sofrível. Mentir, nessas ocasiões, é bom.

Fui uma pessoa confiante minha vida inteira. Melhor dizendo, eu acreditava em tudo o que as pessoas me falavam. Uma pessoa durona disse uma vez: Sonia acredita em qualquer conversa fiada. Era verdade. Porque eu não entendia o conceito de conversa fiada.

Explico: conversa fiada é aquilo que as pessoas fazem para engrupir os outros sem necessidade. Quando fazem isso com gente que confia e, o que pior, entende os motivos dos enganadores é mais grave ainda. Desonestidade dupla.

Alguém que me conhece muito me disse esses dias que eu sempre fui viajandona. Outra verdade.

Devo reconhecer, no entanto, que essas duas coisas combinadas são o limite entre meu respeito e o desprezo completo.

Só não me entendo por ter acreditado sucessivamente em conversa fiada de interlocutores variados que eu peguei uma, duas, três vezes em mentiras. . Ou de ter viajado no prazer de ser acolhida quando todas as evidências indicavam que não existia acolhida.

Como disse uma moça a meu respeito para um Head Hunter do Projac: A Sonia? Sabe muito sobre Monteiro Lobato...mas ela é muito arrogante. Boa roteirista? Ótima ... mas é muito arrogante.

Hoje, eu passo por essa pessoa na Rua das Laranjeiras e não cumprimento. Como não cumprimento poste, bicicleta do entregador da farmácia, grades do prédio vizinho.

É uma pena perder a inocência, mas é pior aprender a ser como as pessoas que a gente despreza.

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