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Diversidade

Diversidade não se limita a gênero ou a cor numa obra de ficção.

Pensando com mais vagar, Shtisel e Pose são histórias sobre a diversidade.

Os personagens ortodoxos chamam os outros judeus de “sionistas”.

Gays pretos vivem do universo trans, mas espicaçam as trans numa agressividade indireta que é preciso assistir a muitos episódios para entender o quanto é hostil aquilo.

São histórias sobre a crueldade, também. Pequenas, médias, grandes atitudes que discriminam e machucam as pessoas. Em Shtisel, são as menores. Como tentar engrupir ou humilhar uma pessoa que está fazendo uma coisa boa ou exercendo um direito. Uma bipolar que ajuda, mas carrega o estigma de sua condição. Ou o jovem que se apaixona pela moça que algum parente não aprova.

Em Pose existe a crueldade banal de oprimidos contra oprimidos.

Só quem tem “lugar de fala”, quem já transitou, lutou junto a oprimidos, pode entender o que estou escrevendo. É diferente de “salvar” oprimidos ou contemplar compassivamente oprimidos. Não. É ser alvo da hostilidade, uma hora, e da partilha, outra, como a “mãe” Elektra e a "filha" Blanca. É não saber a hora que vem o abraço, a hora que vem o tapa.

Diversidade, na vida, é ser capaz de conviver com quem é diferente de nós. E, às vezes, evitar chegar muito perto.

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