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Dopesick

Eu juro que tento me manter na superfície, ser leve, mas aí vem o Pedro Ivo, um dos aquarianos menos pesados que eu conheço e me indica essa série sobre opioides nos EUA.

O roteiro é magnífico porque monta o “lego” com as pecinhas do individualismo da sociedade norte-americana no ímpeto de fazer dinheiro a todo custo. “Nós não seguimos o mercado, nós fazemos o mercado” é a premissa da minissérie do ponto de vista da empresa farmacêutica que disse que seus remédios não viciavam.

Como se faz dinheiro em escala? Em cima do prazer ou da dor. Nesse caso, da dor crônica.

Fazer ficção a partir da ambição desmedida de um punhado de ricos ou vira pornografia da riqueza – Como Sucecssion ou White Lotus – ou precisa mostrar histórias de pessoas comuns. Enfrentando seus próprios demônios, mas os que lhes são arranjados pela falta de escrúpulos dos poderosos.

Assisto um seriado como Dopesick lembrando das pessoas que eu conheço e conheci sofrendo de dores crônicas variadas. Pior ainda, vivendo num ambiente super preconceituoso onde as dores pequenas, médias e grandes podem ser amplificadas a qualquer momento.

O mal luxuoso, de iates e dos conglomerados não faz a minha cabeça. O que me provoca horror e compaixão é o mal pequeno, malévolo, do dia a dia, o mal que persegue os diferentes pequenos, comuns. O mal que obriga o ser humano honesto a ser herói ou sucumbir.

Direção, montagem e elenco impecáveis. Tinha que ser feito como ficção. Nesse caso, não tinha jeito. Um documentário que trata desse tipo de crime empresarial seria tachado como panfleto em dois tempos.

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