Estabilidade
A cada dia que passa mais me convenço do quanto é importante distinguir se estamos chamando características pelo mesmo significado atribuído a elas pelas pessoas próximas.
Estabilidade é um bom exemplo. Para mim, estabilidade é o contrário de oscilar entre dois polos. Um dia, eu te amo. Noutro, te abandono. Pessoas estáveis não oscilam tanto. E quando abandonam, abandonam.
Estabilidade no meu dicionário tem a ver com valores, sentimentos, atitudes. Um gigolô de Jorge Amado é estável. A irmã maluquinha no filme Um lugar chamado Nottingh Hill é estável. Alguém que reage sempre da mesma forma sob as mesmas condições de calor e pressão, no meu vocabulário, é estável.
Mas eu admito que isso pode ser burrice, falta de instinto de autopreservação, falta de imaginação. Reagir como se bastasse apertar um botão...
Talvez valha a pena ser estável se a pessoa estável for também flexível, mas isso é outra conversa. Ou talvez, a flexibilidade precise de Sorte e de Circunstâncias.
Conheço pessoas para as quais estabilidade tem a ver com ausência de flutuação de humor. Instável é quem fica triste, alegre, raivoso de uma hora para outra. Quem fica magoado por qualquer coisinha.
Isso eu chamo de intensidade ou sensibilidade excesso.
Alguns participantes das religiões afro-brasileiras chamam “médium de transporte” as pessoas que se abatem por influências externas. Minha avó espanhola, descendente de uma tataravó irlandesa chamava gente assim de “quebrantável”. A pessoa pega “quebranto” de gente maldosa ou de quem tem inveja. Os invejosos, às vezes, nem percebem que estão quebrantando os outros. São os também chamados de “olhar de seca pimenteira”. Dizem que pimenteira é difícil de secar, mas, quando certas pessoas entram na casa, a planta morre.
Eu gosto de conversar sobre palavras. Sobre as emoções que elas carregam.
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