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Fidelidade


Com a literatura que existe no Brasil – parte da boa literatura em domínio público – pode ser desperdício de energia escrever roteiros originais.

Aprendi, escrevendo “Freud em Madureira” e produzindo “Eu sou Maria” que é melhor escrever o livro primeiro. Por quê?

Porque na literatura se levanta o mundo ficcional, se constrói personagem por personagem, os principais e secundários, se esclarece a história e as tramas. Quando vamos para o roteiro, é muito mais fácil transpor de um formato para o outro.

Desde que não se pratique a fidelidade. Para quê ser fiel ao mundo de José de Alencar se podemos atualizar suas tramas e homenageá-lo com “livremente baseado em romance de José de Alencar”?

Eu não sou fiel nem ao meu próprio texto, posso atestar pela implacabilidade com a qual corto personagens, mudo a ordem das tramas quando vou da literatura ao roteiro.

Sou fiel apenas ao meu objetivo de ser lida pelo maior número de pessoas. Nelson Rodrigues disse que achava afrodisíaco escrever para 750 mil pessoas. O público de televisão na época dele. Imagina um escritor nos dias de hoje atingir milhões na TV ou no streaming. Sonhar não custa nada.

​Aprender a ser infiel é uma arte. ​

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